Quem conta: normabaisi
Conta mais: sobre ser luz na escuridão.
Uma quarentena solitária não precisa ser necessariamente monótona, quando se encontra um sopro de vida fora das telinhas, logo ali perto de você.
Minha vizinha e eu fazemos intercâmbio de comidinhas gostosas. Nenhum prato caprichado que uma faz fica sem passar pelo único lance de escada que nos separa, isso seguindo seriamente as recomendações rígidas desses novos tempos.
Cuscuz e pizza subindo, pudim e bolo descendo… quando o interfone toca, e aquela voz risonha diz “oi”, é uma pequena grande alegria… não apenas pelas guloseimas em si, mas pelo afeto, amizade, companhia, pela motivação que temos em experimentar uma nova receita, fazer uma refeição mais elaborada, porque os pratinhos vazios estão ali para serem devolvidos. E do lado de fora da porta, sapatos ficam sempre a postos, aguardando a próxima pequena aventura fora de casa.
Sou muito grata a essa pessoa temporária, que raramente via na rua, ter se tornado tão próxima, num momento tão difícil das nossas vidas. Descobrimos muitas coisas em comum, uma delas é a fé de que tudo vai passar.