Quem conta: joeliaoliveira
Conta mais: algumas experiências preenchem e afagam nossa existência.
Meio-dia, exatamente isso. O sol escaldante de fim de julho e tudo que eu mais queria era chegar em casa logo.
Eu caminhava rápido demais… passava pelas pessoas sem olhá-las direito. Até que em uma encruzilhada fui obrigada a desacelerar o passo e olhar para os lados. Olhei para a direita e para a esquerda, nada de carros e livre para eu passar. Ao atravessar, já acelerando novamente o passo, um som de buzina e uma voz gritando:
– Olha o algodão doce, olha o algodão doce!
Isso capturou minha atenção, fez-me parar e olhar para trás.
Então fiquei lá na calçada sob o sol de meio-dia olhando aquele homem empurrando seu carrinho de algodão doce, buzinando, gritando e sorrindo. Ele também me olhou e ao ver meu sorriso o retribuiu. Seu sorriso foi a fotografia mais bonita que meu coração registrou nas últimas semanas. Seu sorriso, o algodão doce e o som da buzina produziram irrupção sobre o sol de meio-dia, sobre a rua e sobre mim.
Ele me fez lembrar ali, na sua breve passagem pela rua, que existem mais coisas além da dureza. A generosidade de seu sorriso e a maciez do algodão doce acariciaram o dia e meu modo de olhar para a vida. Dureza e maciez coexistindo. Lutando entre si, ali em nosso encontro. Isso reacendeu minha paixão pela rua, pelas possibilidades que existem em cada esquina, pelos bons encontros que podem salvar nosso dia, que nos fazem agradecer pela vida, pois acredito na potência dos encontros.
O meu encontro com o homem de sorriso de algodão doce permaneceu alegrando os dias que se seguiram e, quando ando na rua, às vezes me pego sorrindo sozinha. Espero que outras pessoas se encontrem com esse homem, com seu sorriso, com a luz que ele parece irradiar. E onde quer que ele esteja: OBRIGADA! Então é isso que tenho para compartilhar.