Quem conta: julianacasemiro
Conta mais: as aparências não enganam, confirmam.
Londres, maio de 2003.
Meu primeiro emprego como vendedora de flores foi realmente especial. Eu trabalhava em quiosques pelos shoppings e saídas de metrôs de Londres, o que significa que um volume enorme de pessoas passava por mim diariamente.
Logo no começo, se aproximou uma menina diferente. Ela era gótica. Roupas pretas de couro, uma bota de plataforma cheia de fivelas, maquiagem com a pele branca e batom escuro. Ela tinha metade da cabeça raspada e a outra metade do cabelo era longo e verde. Todo mundo olhava pra ela.
Sem falar comigo, ela começou a mexer nas flores e fiquei curiosa pra ver as que ela iria escolher. Já chegou com um buquê pronto e a voz doce e tímida:
– Você acha que estas estão bonitas?
Ela selecionou brancas e rosa claro. Eu disse que estavam lindas – porque estavam mesmo – e sugeri colocar uma que ela não tinha visto. Nessa hora, ela chamou por alguém:
– Vó, olha que delicado que ficou! Você gosta?
– Estão muito bonitas e vão ficar mais ainda no seu quarto, meu amor.
A vó era uma daquelas senhorinhas de querer abraçar e levar pra casa tomar chá. As duas se tratavam com um amor tão grande como as suas diferenças físicas. Mas o mais valioso mesmo é ser igual por dentro, né? ; )
*Eu já contei outra história desse trabalho lindo que tive aqui! <3