Quem conta: julianacasemiro
Conta mais: nosso jantar foi além de pagar a conta.
Pedimos a conta e ele colocou na mesa. Quando íamos falar em dividir, ele cortou:
– Vocês vão “partir”?
E rimos, porque cada um dos três usou um termo diferente sobre dividir a conta.
Como notei um sotaque diferente, achei a deixa pra puxar papo…
– Sou do Ceará e vim pra cá pra me aproximar do meu pai.
– Jura? Mas o que houve?
– Ele saiu de casa quando eu tinha 12 anos pra vir pro Sudeste atrás de oportunidades. Perdemos o contato desde então.
– Desculpa, mas quantos anos você tem?
– 23, mas eu já sei onde ele está.
– Que bom!
– É, descobri que está morando em Cabreúva, interior de São Paulo. Conhece?
– Só de nome. É longe, né?
– Pois é, mas um conhecido da família disse que ele está lá.
– E quando você vai?
– Estou juntando um dinheiro aqui como garçom pra ir logo.
– Então aqui é só uma parada estratégica?
– É sim!
– Eu te desejo muita sorte. Tenho certeza que você vai dar tudo certo!
E, sem nenhuma mágoa ou qualquer sentimento negativo, ele respondeu cheio de determinação:
– Eu sei que eu vou encontrar meu pai!
E eu não duvido!
Jaques é um cara bacana, educado, fala olhando no olho, tem sorriso fácil. Ele foi o terceiro que nos atendeu e seu otimismo foi algo que mudou a noite, inclusive porque os outros dois foram super grosseiros. Já sua história, sem dúvidas mudou a minha e eu espero voltar nesse lugar só pra descobrir que ele não trabalha mais lá!